Palavras de ordem e duras críticas e cobranças ao governo e a Justiça Federal foram os focos principais da manifestação contra as invasões de terras privadas por indígenas, que aconteceu na tarde dessa sexta-feira, 1 de novembro, em Iguatemi.
O manifesto envolveu sindicatos rurais, associações e representantes da classe política em esfera regional e estadual e aconteceu em uma tenta montada às margens do Rio Iguatemi, na divisa entre os municípios de Iguatemi e Japorã, a poucos metros do local onde indígenas da etnia guarani-ñhandeva invadiram recentemente 14 propriedades rurais.
Eles mantém a ocupação da área de mais de 9 mil hectares que afirmam ter pertencido a seus antepassados e se chamar aldeias, Campo Limpo e Yvi-Katu.
Pronunciamento da deputada Mara Caseiro durante o ato:
Imagens: Vilson Nascimento/A Gazetanews
A mesma localidade já havia sido invadida há dez anos (2003), onde inclusive houve confrontos na época, deixando produtores indígenas feridos, mas, segundo a classe produtora, a morosidade do Poder Judiciário e a falta de ação do Governo Federal em buscar uma solução para a questão ao longo de uma década, levou os indígenas a promoverem novas invasões.
Clima Tenso
Durante todo o ato o clima foi bastante tenso entre os produtores rurais, sobretudo aqueles que tiveram suas áreas invadidas por indígenas ou tem terras em áreas ameaçadas pelos estudos antropológicos da FUNAI (Fundação Nacional do Índio).
Durante a manifestação os produtores, representantes da classe política e de segmentos sociais da região, fizeram duras críticas ao Governo Federal e cobraram da Justiça Federal o cumprimento do artigo 5º, parágrafo XXII da Constituição Federal que diz; “é garantido o direito de propriedade”.
Pronunciamento da antropóloga, Rosely Ruiz:
Imagem: Vilson Nascimento/A Gazetanews
Os produtores asseguram que todas as terras hoje reivindicadas pelos indígenas são compradas legalmente, inclusive com títulos regulares emitidos pela própria União.
Segundo a classe produtora, com a inércia dos órgãos competentes em garantir que o direto dos produtores, que segundo eles, são quem produz, garante impostos aos governos, riquezas ao País e alimento na mesa de toda a população brasileira, seja mantido, eles próprios vão tomar medidas drásticas para barrar qualquer nova invasão de propriedade por parte de indígenas na região.
“Temos a lei a nosso favor, mas como o Governo e a Justiça não garantem que sejam cumpridos os nossos direitos, vamos resistir às invasões”, disseram alguns produtores mais exaltados.
Vários pedaços de madeiras tipo os “tacapes” usados pelos indígenas, também foram juntados pelos produtores, segundo eles, para serem usados para barrar nossas invasões e retirar indígenas de terras invadidas, caso o Governo permaneça fechado os olhos para a questão.
O ato
O ato realizado nessa sexta-feira (1) em Iguatemi foi encabeçado pelos sindicatos rurais de Iguatemi, Amambai, Tacuru, Sete Quedas, Antônio João e Guaíra, no Paraná, com respaldo da pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) e também conta com respaldo da ONG (Organização Não Governamental) “Confisco Não”, da Associação Comercial, da Prefeitura e da Câmara Municipal de Iguatemi, entre outros segmentos sociais de Iguatemi e municípios da região Cone Sul de Mato Grosso do Sul.
Estiveram presentes no evento, que teve como um dos coordenadores o presidente do Sindicado Rural de Iguatemi, Hilário Parise, os deputados estaduais, Mara Caseiro, Zé Teixeira, Lídio Lopes e Márcio Monteiro e o deputado estadual licenciado e atual secretário de Estado e Habitação de Mato Grosso do Sul, Carlos Xavier Marun.
Também estiveram presentes na manifestação o prefeito de Iguatemi, José Roberto Felippe Arcoverde, o “Zé Roberto”, o presidente da Câmara Municipal de Iguatemi, vereador Jesus Milane de Santana, os vereadores de Iguatemi, Edson Barbosa, Patrícia Derenuson Neli e Miriam Krenczynski, o presidente da Câmara Municipal de Sete Quedas, vereador Odinei Sobrinho, o “Dinei do Mercado” e o vereador setequedense, Valdomiro Luiz de Carvalho, o “Miro da Carioca”.
O ato também contou com a presença da antropóloga e líder ruralista em MS, Rosely Ruiz e do 1º secretário da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ruy Fachini Filho, que representou o presidente da entidade, Eduardo Riedel, na ocasião.
Pronunciamento de Sebastião Prado, da Suiá-Missu:
Imagem: Vilson Nascimento/A Gazetanews
Também esteve presente na manifestação e deixou sua experiência vivida em relação a questão indígena, o presidente da Associação da Suiá-Missu, no Estado do Mato Grosso, Sebastião Prado.
Em Suiá-Missu fazendas uma cidade inteira foi despejada pelo Governo Federal para dar lugar a indígenas, que segundo Sebastião Prado, hoje sobrevivem na miséria total.
Imagens da expulsão de moradores na Suiá-Missu: