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União |
“Precisamos falar a mesma língua. O Brasil está sendo invadido e não estamos fazendo nada, nenhuma ação. Falta sair às ruas e nos mobilizarmos através de ações a nível nacional”, propõe Silvanir Rosset, presidente do Sindicato Rural de Guaíra (PR). Para o prefeito de Iguatemi, José Roberto Arcoverde, “o grande desafio é acordar os produtores rurais, o que não vai ser fácil. Falta união para mobilizar o produtor e fazê-lo entender que isso é um problema sério, porque senão ele vai sim perder a terra”, afirma.
Aproximadamente 1.500 pessoas, entre produtores, empresários e lideranças sindicais participaram de duas audiências públicas realizadas em Tacuru e Coronel Sapucaia, na região do cone sul do Estado, no último fim de semana. As ações visam chamar a atenção dos representantes para a necessidade urgente de ações contra a demarcação ilegítimas de terras por parte da Funai.
Recentemente, a Funai e o Ministério Público publicaram uma portaria criando um grupo técnico para fazer um levantamento que irá determinar o tamanho da suposta terra indígena Dourados-AmambaiPeguá, aumentando para 28 os municípios afetados pela nova demarcação. Caso sejam publicadas as novas portarias, Coronel Sapucaia terá mais da metade de seu território como terra indígena, com 53%. A prefeita da cidade Nilcéia Alves de Souza propõe como solução “pensar em políticas públicas e programas para o índio”. Ela foi apoiada pelo deputado estadual Zé Teixeira, que complementou dizendo: “os índios querem os mesmos direitos dos brancos, sem pagar impostos”.
Já em Tacuru, são reivindicados mais de 70 mil hectares, atualmente ocupados por aproximadamente 300 pequenos produtores, ironicamente assentados pela reforma agrária. O prefeito da cidade, Pedrinho, conta que “das duas aldeias que temos, nunca tivemos um conflito, inclusive eles nem se manifestaram para reclamar áreas que a Funai diz que são deles”.
“Somos contra a baderna que a Funai está fazendo em nosso Estado. Eles entram nas propriedades rurais, fazem as ‘vistorias’ e depois publicam laudos com um monte de mentiras. Não podemos permitir que os produtores sejam tratados como bandidos, produtores estes responsáveis pelo alimento que está em nossa mesa”, enfatizou a deputada estadual Mara Caseiro. Reforçando o discurso da política, o também deputado Lídio Lopes foi direto, “o maior problema são as ONGs e a Funai, que instigam essa briga entre índios e produtores”.
A antropóloga Roseli Ruiz destacou que “todos os relatórios estudados no Estado, inclusive o de Iguatemi, são viciados, não trabalhados na base da ciência e sim da ideologia”. Já Hilário Parisi, presidente do sindicato de Iguatemi foi breve, fazendo um ultimato aos presentes, “se não nos unirmos, o governo irá demarcar todas essas terras, é um compromisso assumido por ele. Não vamos entregar assim, de mão beijada, tudo o que construímos a vida inteira”.
Luana Ruiz, assessora jurídica do sindicato de Tacuru, foi pontual no encerramento de seu discurso: “Não adianta qualquer natureza de ação, quer seja por parte dos deputados, senadores, prefeitos, vereadores, se nós, produtores, não estivermos aqui na base, junto, fortes e unidos. Essa é a nossa arma,a união”.
O medo
As demarcações ilegítimas não afetam somente os proprietários de terra. Edson Weiber é funcionário do mesmo patrão há 28 anos. A fazenda em que trabalha está em área supostamente indígena, e ele vive o drama de não saber se no dia seguinte ainda terá um local de trabalho para sustentar a família. “Se a gente não tiver mais no que trabalhar, com vamos nos manter, pagar educação, comida e saúde. Não é direito as pessoas invadirem um lugar que não é delas”, conta ele.
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Com informações do Movimento - Confisco Não! - Formado por antropólogos, advogados e produtores rurais