A situação do Hospital da Vida parece ir de mal a pior. O diretor clínico da unidade, Raul Espinosa, marcou para amanhã uma assembleia geral com a equipe médica da unidade para discutir as problemáticas diárias do principal hospital público da região.
O local é ‘porta de entrada’ do SUS (Sistema Único de Saúde) e atende
pacientes não só de Dourados, mas de toda a Grande Dourados, Vale
do Ivinhema, Conesul e região de fronteira, incluindo até pacientes do
Paraguai, que entram via municípios fronteiriços.
Segundo documento ao qual o Dourados News teve acesso, Espinosa
trata do assunto com preocupação. O ofício informa o reagendamento
do encontro após o primeiro, marcado para o dia 19, ter sido cancelado
por ausência de vários profissionais.
“Como os problemas do Hospital da Vida vêm se avolumando com risco
de morte para pacientes, temos informado de forma insistente e
persistente aos responsáveis pela administração. É necessária uma
posição do Corpo Clínico. Até o momento já são oito colegas do Pronto
Socorro que colocaram a sua carta de demissão com prazo até o dia
31 de julho, de tal forma que existe a probabilidade de ficarmos somente
com seis médicos nesta área”, afirma o documento.
O diretor clínico garante que o encontro de amanhã (25), programado
para acontecer no salão da Igreja Presbiteriana do Brasil, às 18h30,
será realizado independente da presença ou não dos médicos
novamente convocados.
“Cada coordenador das Especialidades poderá apresentar suas
reivindicações e dificuldades enfrentadas no Hospital da Vida, por
período de cinco minutos”, completa Espinosa.
APENAS URGÊNCIA E TRAUMA
Nesta semana a secretaria municipal de Saúde informou que a partir do
mês de agosto, o Hospital da Vida passará a atender apenas casos de
urgência e trauma. A mudança é motivada pela reorganização do fluxo
no HV, que passa por obras de reforma e ampliação.
Os demais atendimentos serão acumulado na UPA (Unidade de Pronto
Atendimento) e unidades básicas de saúde.
Atualmente, três unidades de saúde da rede municipal têm horário
diferenciado, com atendimento estendido até às 22 horas, que são as
UBS da Seleta, do Parque das Nações 2 e da Vila Cachoeirinha. A
UPA atende 24 horas.
OUTRO LADO
O Dourados News buscou contato com o diretor clínico do HV para
esclarecimentos desses tais “problemas que vêm se acumulando”.
No entanto a reportagem foi informada de que ele só irá se posicionar
após a assembleia agendada para amanhã.
Buscamos também contato com a secretária municipal de Saúde,
Berenice Machado. A dirigente da pasta disse desconhecer as
acusações do diretor clínico e completou dizendo que os salários
estão sendo pagos em dia.
“Eu não sei quais são os problemas, porque para o pagamento dos
médicos plantonistas, dentro de 30 dias eu fiz três competências.
Hoje e amanhã estarei pagamento as especialidades. O resto eu
não sei o que que é. A gente tá mudando o fluxo, organizando, eu
não sei o que é que ele quer”, disse Berenice.
Administrado pela Funsaud (Fundação de Saúde de Dourados) e
sob intervenção da Sems há 30 dias, o Hospital da Vida tem custo
mensal de R$ 6 milhões. No entanto, o repasse feito pelo Governo
Federal à autarquia, que também gerencia a UPA, gira em torno de
R$ 4 milhões.
Como medida de economia, o atendimento do HV a partir do mês
que vem será destinado apenas para urgência e trauma. Demais
emergências e atendimentos em especialidades serão destinados à
unidade de pronto atendimento, postos de saúde e hospitais de
referência, como Evangélico e Universitário.
Sobre a demissão em massa de oito dos 14 médicos que atendem o
pronto socorro do hospital, Berenice garante que a situação já tem
solução encaminhada. A secretária disse à reportagem que novos
médicos foram contratados e iniciam o expediente já neste final de
semana.
“Em 30 dias eu não consigo arrumar tudo. Eu preciso que eles tenham
paciência e me ajudem a organizar. Porque aí teve a intervenção e os
diretores se viraram contra a gente, entendeu? Assim não dá. Estou
conversando, estou arrumando, têm novos médicos vindo para
Dourados. E eu vou te falar um coisa, vai ficar no Hospital da Vida
médicos comprometidos, que queiram trabalhar. Vamos pagar em
dia, mas nós queremos resultados. O atendimento tem que ser feito
por médicos comprometidos. A escala de plantão já está definida e
não vai ter mais furos”, finalizou.