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BOLETIM DA REGIÃO

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Famílias São Retiradas Para Dar Lugar a Índios

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

/ Nova Mídia

A família teria sido retirada do local ainda durante a noite e encaminhada para a cidade de Bom Jesus do Araguaia, na manhã de hoje a família foi novamente remanejada dessa vez para a cidade de Alto Boa Vista.Algumas famílias já foram retiradas da área da gleba Suiá Missú, entre as cidades de Alto Boa Vista e São Felix do Araguaia. De acordo com produtores na noite de ontem 11/12 mais uma família foi retirada e colocada no Alô Brasil, 50 km do Posto da Mata.

As retiradas da população local continuam sendo feita pelos agentes da polícia federal, PRF e Força Nacional.
Produtores da Suiá Missu se preparam para um segundo conflito com a Polícia
O clima continua tenso na região do posto da Mata e nas propriedades que estão espalhadas pelos 165 mil hectares de terra que compões a reserva indígena Marawatsede.
Na última segunda-feira (10), o oficial de justiça acompanhado de policias da PF, PRF e Foça Nacional, partiram na BR 242 para começar o trabalho de desintrusão, porém os moradores prometem que não vão arredar o pé da terra, entram em conflito com a Polícia deixando diversas pessoas feridas. A expectatvia para esta quarta é que deve haver mais conflitos.
Entenda o caso
A tensão continua, pois a Polícia Federal e a Força Nacional ainda não se desmobilizaram, e não houve nenhuma ordem vinda de Brasília para que a cesse a desocupação da vila de produtores rurais. A paz momentânea foi conseguida depois da resistência dos moradores e dos episódios violentos por parte dos soldados da Força Nacional na segunda-feira.
Moradores da vizinhança (Ribeirão Cascalheira,Querencia e Canarana) estão se mobilizando para entrar no Posto da Mata, e ali se juntarem aos moradores da localidade na resistência contra as forças policiais. No Posto da Mata residem mais de 7 mil pessoas, que deverão ser desalojadas de suas casas para que a área seja entregue a um grupo de Xavantes.
A área em questão foi reconhecida pela Justiça Federal como propriedade dos índios da etnia Xavante, porém, a população local tenta provar que é proprietária legal do que possui na região há mais de 30 anos. Entretanto, mais de 900 mandados de desintrusão já foram determinados judicialmente por meio de uma execução provisória de sentença.
A situação ficou mais tensa no povoado quando, nesta segunda-feira (10), mais de 40 pessoas ficaram feridas durante o conflito com as forças policiais, entre elas mulheres e crianças. Há produtores que afirmam estar "dispostos a morrer por suas terras".
Ainda nesta segunda, uma garota de 12 anos tentou se suicidar ingerindo agrotóxicos. A menina escreveu um bilhete dizendo que “se precisasse alguém morrer para sensibilizar as autoridades, ela faria isso pela comunidade”, segundo relatou Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja Mato Grosso. A garota foi rapidamente socorrida, não chegou a tomar o veneno e está internada.
A resistência continua pois, como relatam os produtores rurais, o governo não apresenta um plano de desocupação como vinha sendo prometido. "A irresponsabilidade de quem está operando isso é muito grande. Nós tentamos o diálogo várias vezes, pedimos a eles um plano de desocupação que desde o início disseram que teria, mas nunca nos apresentaram, então, estamos aqui à deriva", diz Sebastião Prado, produtor rural de São Félix do Araguaia.
Sebastiao Prado disse ainda que há mais de 90 dias o governador do estado do Mato Grosso, Silval Barbosa, tenta uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, porém, sem resposta. "Nós tivemos uma reunião na Secretaria Geral da Presidência da República e o ministro Gilberto Carvalho garantiu que se houvesse fraude nessa demarcação, iríamos voltar à estaca zero, pediu 15 dias para resolver essa situação, os 15 dias venceram no último dia 20 e ele nunca nos deu uma resposta".
Segundo Luiz Alfredo de Abreu, advogado da Associação dos Produtores Suiá Missu, essa ação de desocupação na gleba Suiá Missu é irregular, já que a Funai (Fundação Nacional do Índio) não prestou caução, que é a cautela contra um dano provável, e não foi feito o inventário dos bens das famílias que residem na área.
"A fraude da Funai foi denunciada pelos próprios Xavantes. Houve um deslocamento vergonhoso da verdadeira terra para a área de conflito, uma vez que a terra ocupada em tempos remotos pelos Xavantes foram desapropriadas pelo Incra", diz Abreu.
Segundo explica o advogado, essa situação de irregularidade é comprovada pela denúncia dos Xavantes e cerca de mais de 500 índios ingressaram nos autos após o julgamento da prática da Funai. Abreu afirma ainda que as decisões judiciais permitem recurso especial e extraordinário, uma vez que não foram ainda transitadas em julgado.
Índios e produtores do mesmo lado - Entretanto, apesar dessa situação ainda muito tensa e de informações desencontradas, índios e produtores rurais estão lutando do mesmo lado. Em São Félix do Araguaia há 180 caciques da etnia Xavante ao lado dos moradores locais mostrando que não têm interesse nas terras da gleba Suiá Missu.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o Cacique Pajé dos Xavantes, Zé Luiz, declarou que o que seu povo pede é uma área no cerrado. "Eu estou ajudando o povo do Posto da Mata. A terra que nós estamos querendo é a terra da Aldeia Velha, no Cerrado, porque dentro da mata virgem nunca fizemos aldeia", disse Zé Luiz. Segundo Sebastião Prado, cerca de 85% da etnia dos Xavantes estão do lado dos produtores em São Félix do Araguaia.
População Local - E não são só índios e produtores rurais que sofrem com o confronto, mas toda a população local. Segundo relatou Roberto Soares da Silva, comerciante em São Felix, todos possuem documentos oficias que provam a legalidade de suas terras e, por conta disso, a resistência deverá continuar.
Silva é dono de um posto de gasolina e tem até o dia 17 de dezembro, próxima segunda-feira, para desocupar a área e deixar para trás um investimento de mais de R$ 2 milhões. "Não se fala em indenização, o que para tirar, se tira, o que não der, não tira. O que eu vou fazer com uma cobertura de lata, um tanque de gasolina, eu vou fazer o que dá vida? Infelizmente, é reagir. Nós vamos resistir até as últimas consequências", diz o comerciante.
Mobilização - Uma mobilização foi marcada para a próxima sexta-feira, 14 de dezembro, no povoado de Posto da Mata, a partir das 14h, quando acontece um ato ecumênico. O movimento deverá reunir produtores de todo o estado do Mato Grosso para apoiar os moradores de Suiá Missu intimados a deixar suas terras.
Fonte: Agência da Notícia 
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