O Ministério Público de São Paulo acusa o empresário Leonardo Cescini de assassinar sua esposa, Erika Cescini, uma agente comercial. O Marido, Corintiano e a mulher Palmeirense, os times se enfrentam após final da Copa libertadores que o Alviverde havia vencido seis meses antes.
Ao final, houve uma discussão entre a vítima e a família Ceschini, que resultou em uma briga entre o casal. De acordo com a promotoria, os réus "agiram por motivos inúteis - simples controvérsias familiares alimentadas por rixas esportivos".
Nesse caso, a economista Isadora Bousquat Arab, pós-graduanda da universidade de Economia, Administração, Contabilidade e ciências Atuariais (FEA) da USP, explora a relação entre fatores emocionais desencadeados por desfechos inesperados, principalmente no futebol por que eu encoraje. O impacto de uma partida de futebol na violência contra as mulheres tem aumentado diz o estudo que constatou que resultados negativos e inesperados de partidas de futebol foram associados a incidentes de violência doméstica. Foi registrado um aumento de 7,5 %. no número médio de boletins de ocorrência.
Ou seja, a decepção com o time do coração pode ser um dos fatores que aumentam a agressividade contra as mulheres. Mas o pesquisador foi cuidadoso ao analisar os dados. A pesquisa não mostra que o futebol é a única causa de violência contra a mulher. Existem outros fatores, como beber demais. Além de problemas econômicos e financeiros, etc. Mas o choque emocional causado pelo futebol pode ser um dos gatilhos para essas agressões, disseram os pesquisadores.
Nesse contexto, o jogo de futebol pode representar um catalisador do desequilíbrio de poder entre homens e mulheres no ambiente doméstico, ao relacionado à masculinidade, competitividade, rivalidade e hostilidade.
A pesquisa analisou 135 mil Boletins de Ocorrências de 737 municípios dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, no período de 2015 a 2019. O foco foram os crimes cometidos dentro do domicilio em que há relação entre agressores e a vítima (parceiro ou ex-parceiro). "Nós filtramos todos os crimes de violência doméstica que aconteceram dentro de casa em até quatro horas após os horários dos jogos. Independentemente da hora em que o crime foi notificado", explica a economista.
Sob orientação da professora Paula Pereda, as ocorrências policiais foram cruzadas com os resultados dos jogos do Campeonato Brasileiro das Séries A e B no mesmo período. Ao todo, foram 3.800 partidas. A partir das informações dos principais sites de apostas esportivas, a pesquisadora definiu os resultados inesperados ou negativos, ou seja, aqueles que contrariavam a expectativa do mercado e da maioria dos apostadores. Quando existe grande expectativa de vitória, o choque emocional dos torcedores é maior.
Para contornar a ausência de dados sobre a paixão clubística dos agressores, informação que não conta nos boletins de ocorrência, a pesquisadora usou uma plataforma chamada "Mapa das Curtidas", desenvolvida pela rede social Facebook e o site Globo Esporte, que traz dados sobre as páginas dos clubes que receberam mais curtidas no País em 2017. É um termômetro sobre a popularidade de cada clube em cada região.
Os resultados obtidos no estudo da FEA são semelhantes aos de uma pesquisa feita nos Estados Unidos, em 2011, que também investigava os resultados inesperados de partidas de futebol e os impactos no comportamento violento dos indivíduos. Lá, os pesquisadores da Escola de Direito da Universidade da Califórnia analisaram os casos de violência contra as mulheres ocasionados por resultados inesperados na NFL, a liga esportiva profissional de futebol americano. Os casos de violência aumentaram em média 10%.
Outra pesquisa brasileira mostra resultados ainda mais preocupantes. De acordo com o estudo "Violência Contra Mulheres e o Futebol", idealizado pelo Instituto Avon e encomendado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os boletins de ocorrências de ameaça contra meninas e mulheres aumentam em 23,7% quando um dos times de futebol da cidade joga. Foram analisados bases de dados de violência nos dias de jogos do Campeonato Brasileiro da Série A entre 2015 e 2018, em cinco capitais brasileiras: Rio, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas e ações privadas de combate à violência doméstica, na opinião da pesquisadora. No universo do futebol, uma das ações, no universo foi a campanha do Ministério Público de São Paulo e a Federação Paulista de Futebol para o enfrentamento da violência doméstica. Durante a transmissão das partidas do Campeonato Paulista, as entidades divulgavam mensagens para conscientizar o público masculino, majoritário nos estádios, a prevenir ciclos de agressões físicas e psicológicas contra a mulher. A campanha procurou estimular os torcedores a denunciarem situações de violência por meio do número 180.
noticiasaominuto